Ennio
Morricone, maestro e compositor de trilhas sonoras que marcaram a história do
cinema, morreu aos 91 anos, nesta segunda-feira, 06 de Julho de 2020, na
Itália.
Ele
estava internado há 10 dias em uma clínica em Roma após sofrer uma queda e
fraturar o fêmur. Um comunicado divulgado por Giorgio Assuma, advogado e amigo
do artista, informa que o maestro italiano morreu "nas primeiras horas de
6 de julho no conforto de sua família".
De acordo
com a nota, Morricone "permaneceu lúcido e com grande dignidade até o
fim" e "se despediu de sua amada esposa Maria".
Ainda
segundo Assuma, Ennio escreveu o próprio obituário. No texto, Morricone se despede
de sua esposa, Maria Travia, a quem cita a "despedida mais dolorosa"
de seus filhos, netos, amigos e do diretor de cinema Giuseppe Tornatore.
"Ennio
Morricone está morto. Anuncio a todos os amigos que sempre estiveram próximos
de mim e também aos que estão um pouco distantes e os saúdo com muito
carinho", escreveu o maestro.
O funeral,
organizado de forma privada para respeitar "o sentimento de humildade que
sempre inspirou os demais", disse Assuma.
Morricone
deixa a esposa, Maria, e quatro filhos, Andrea, Giovanni, Marco e Alessandra.
Morricone
nasceu em 10 de novembro de 1928, em Roma, e começou a compor aos seis anos. Em
1961, aos 33 anos, estreou no cinema com a música de "O Fascista", de
Luciano Salce.
Ele
escreveu para filmes, programas de televisão, canções populares e orquestras,
mas foi sua amizade com o diretor italiano Sergio Leone que lhe trouxe fama.
Ele se dedicou muito às canções para o gênero "Epaghetti Westerns"
que consagraram Clint Eastwood na década de 1960.
Entre as mais de 500 trilhas sonoras para
cinema e televisão em seu currículo, há composições para filmes como "Três
Homens em Conflito", "A Missão", "Era uma Vez na
América", "Os intocáveis", "Cinema Paradiso", “Era uma
Vez no Oeste”, “Quando Explode a Vingança” “Meu nome é Ninguém”, “Trinity e
seus Companheiros” entre outros.
"A
música de 'A Missão' nasceu de uma obrigação. Tinha que escrever um solo oboé,
se passava na América do Sul no século XVI, e tinha a obrigação de respeitar o
tipo de música do período. Ao mesmo tempo, eu tinha que compor uma música que
também representasse os índios da região. Todas as obrigações me prendiam. Mas
também fizeram com que saísse algo claro", recordou o compositor à agência
France Press em 2017.
De acordo
com ele, a música dos filmes italianos era medíocre e sentimental. Ele desejava
renová-la com um estilo mais próximo de Hollywood.
Ao longo
da carreira, Ennio ganhou dois prêmios no Oscar e dezenas de outros prêmios,
incluindo Globos de Ouro, Grammys e BAFTAs.
Em 2007,
recebeu um Oscar honorário por sua carreira musical. Na ocasião, dedicou o
prêmio à esposa Maria Travia, com quem era casado desde 1956 e considerava sua
melhor crítica. "Ela não tem treinamento formal em música, mas julga meu
trabalho como o público o faria. Ela é muito rígida."
Seu outro
Oscar foi em 2016, com a trilha sonora de "Os Oito Odiados", de
Quentin Tarantino. Inicialmente, Ennio recusou o trabalho, mas depois cedeu,
exigindo que Tarantino lhe permitisse uma "ruptura total com o estilo dos
filmes ocidentais".
Além de
Leone e Tarantino, Ennio também trabalhou com nomes como Roman Polanski,
Terrence Malick e os italianos Giuseppe Tornatore e Bernardo Bertolucci.
No início de junho, Morricone foi anunciado o vencedor, ao lado do também compositor John Williams, do prêmio Princesa das Astúrias das Artes na Espanha. A entrega do prêmio aconteceria em uma cerimônia, em outubro.
Nas redes
sociais, famosos e autoridades lamentaram a morte de Ennio Morricone.
"Sempre nos recordaremos, e com um reconhecimento infinito do gênio
artístico, do maestro Ennio Morricone. Nos fez sonhar, nos emocionou e fez
pensar, escrevendo notas inesquecíveis que ficarão para sempre na história da
música e do cinema", escreveu o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte.
A morte
de Morricone "nos priva de um artista distinto e genial", lamentou o
presidente italiano Sergio Mattarella.
O ator
Antônio Banderas também lamentou a morte: "É com grande tristeza que nos
despedimos do grande mestre do cinema. Sua música continuará tocando em nossas
memórias. Descanse em paz."
Em 2007, ao
lado de Clint Eastwood, o compositor italiano Ennio Morricone recebe o Oscar
Honorário por sua contribuição à arte da música cinematográfica.
Ele ganhou duas
estatuetas no Oscar e outros prêmios por músicas de filmes como “Três Homens em
Conflito”, ”'Os Intocáveis”, “Cinema Paradiso”, “Ata-me!” e “Os Oito Odiados”. [R.I.P.]
DISCOGRAFIA WESTERN
ENNIO MORRICONE
1963: “Duelo no Texas” (Duello nel Texas) de Giorgio Simonelli
1964: ”As Pistolas não Discutem” (Le Pistole non Discutono) de Mike Perkins
1964: “Por um Punhado de Dólares” (Per un Pugno di Dolari) de Sergio Leone
1965: “Por uns Dólares a Mais” (Per Qualche Dollaro in Piu’) de Sergio Leone
1966: “Três Homens em Conflito” (Il Burono, Il Bruto, Il Cattivo) de Sergio Leone
1966: “Joe, o Pistoleiro Implacável” (Navajo Joe) de Bruno Corbucci
1966: “Sangue nas Montanhas” (Um Fiume di Dollari) CARLO LIZZANI
1966: “O Dia da Desforra” (La Resa Dei Conti) de Sergio Sollima
1966: “Sete Pistolas para os Macgregor” (Sette Pistole per i Macgregor de Franco Giraldi
1966: “Os Cruéis” (I Crudeli) de Sergio Corbucci
1967: “Os Longos Dias da Vingança” (I lunghi giorni della vendetta) de Florestano Vancini
1967: “Face a face” (Faccia a Faccia) de Sergio Sollima
1967: “Sete Mulheres para os Macgregror” (Sette Donne per i Macgregor) de Franco Giraldi
1967: “A Morte Anda a Cavalo” (Da Uomo a Uomo) de Giulio Petroni
1967: “Uma Bala para o General” (Gringo/Quien Sabe? de Damianao Damiani [Supervisor Musical]
1968: ”O Vingador Silencioso” (Il Grande Silenzio) de Sergio Corbucci
1968: “Era uma Vez no Oeste” (C'era una volta il West) de Sergio Leone
1968: “A Vingança de Ringo” (...E per Tetto um Cielo di Stelle/A Pistola é minha Bíblia) de Giulio Petroni
1968: “Os Violentos vão para o Inferno” (Il Mercenario) de Sergio Corbucci
1968: “Tepepa” (Tepepa) de Giulio Petroni
1968: “Corre Homem, Corre” (Corri uomo corri) de Sergio Sollima
1968: “Os Canhões de San Sebastian” (La bataille de San Sebastian) de Henri VErneuil
1969: “Um Exército de Cinco Homens” (Um Esercito di 5 Uomini) de Italo Zingarelli
1970: “Companheiros” (Vamos a Matar Companeros) de Sergio Corbucci
1970: “Os Abutres têm Fome” (Two Mules for Sister Sara) de Don siegel
1971: “O Retorno de Clint/Trinity, Alguém te Espera” (Il Ritorno di Clint, Il Solitario de Alafonso Balcazar e George Martin
1971: “Sonny and Jed” (La Banda J & S, Cronica criminale del Far West) de Sergio Corbucci
1971: “Quando Explode a Vingança” (Giu La Testa) de Sergio Leone
1971: “O Dia do Julgamento” (Il Giorno Del giudizio/Olho por Olho, Dente por Dente) de Mario Gariazzo e Robert Paget
1972: “Meu Nome é Providence, Caçador” (La Vita, a Volte, e’ Molto Dura, Vero Provvidenza) de Alberto De Martino e Giulio Petroni
1973: “Providenza, o Magnífico” (Ci Risiamo, Vero Provvidenza” de Alberto de Martino
1973: “Meu Nome é Ninguém” (Il Mio Nome e´ Nessuno) de Tonino Valerii e Sergio Leone
1973: “Que nos Importa a Revolução?” (Che C´ entriamo noi com La Revoluzione) de Sergio Corbucci
1976: “Trinity e seus Companheiros” (Un Genio, Due Compari, Un Polo) de Damianao Damiani e Sergio Leone
1981: “Buddy Vai ao Oeste” (Occhio Alla Penna) de Michele Lupo
2012: “Django Livre” (Django Unchained) de Quentin Tarantino
2015: “Os Oito Odiados” (The Hateful Eight) de Quentin Tarantino
Ennio Morricone e seu parceiro mestre nos assovios, o maestro e exímio
violonista Alessandro Alessandroni
Principais Trilhas Sonoras de outros seguimentos
1966: "A Batalha de Argel" de Gillo Pontecorvo
1968: "Teorema" de Pier Paolo Pasolini
1969: "Os Sicilianos" de Henri Verneuil
1970: "O Pássaro das Plumas de Cristal" de Dario Argento
1971: "Quando Explode a Vingança" de Sergio Leone
1971: "Decameron" de Pier Paolo Pasolini
1971: "A Classe Operária vai para o Paraíso" de Elio Petri
1971: "Sacco e Vanzetti" de Guiliano Montaldo
1974: "Medo sobre a Cidade" de Henri Verneuil
1975: "Saló ou os 120 Dias de Sodoma" de Pier Paolo Pasolini
1976: "1900" de Bernardo Bertolucci
1978: "Cinzas no Paraíso" de Terrence Malick
1978: "A Gaiola das Loucas" de Edouard Molinaro
1981: "O Profissional" de Georges Lautner
1984: "Era uma Vez na América" de Sergio Leone
1986: "A Missão" de Roland Joffé
1987: "Os Intocáveis" de Brian de Palma
1987: "Busca Fenética" de Roman Polanski
1989: "Cinema Paradiso" de Giuseppe Tornatore
1989: "Ata-me!" de Pedro Almodóvar
1989: "Pecados de Guerra" de Brian de Palma
1991: "Bugsy" de Barry Levinson
1992: "A Cidade da Esperança" de Roland Joffé
1998: "A Lenda do Pianista do Mar" de Giuseppe Tornatore
2000: "Vatel, um Banquete para o Rei" de Roland Joffé
2000: "Missão: Marte" de Brian de Palma
http://enniomorricone-ilmaestro.blogspot.com/search/label/Alessandro%20Alessandroni
Bela homenagem a um artista que no plano terrestre foi perfeito em tudo que fez. Foi o causador de minha paixão pelo Cinema, e até mesmo do meu jeito de ser. Mesmo com todas as amarguras do meu limitado universo, nunca deixei de admirá-lo. Que Deus o guarde para sempre!....Obrigado E. Sanches!...
ResponderExcluirÉ sempre bom ter seus comentários por aqui meu amigo.
ExcluirSão muito enriquecedores às postagens.
Grato mais uma vez.
Comentar oq ! Era uma lenda viva agora o som das partituras estão órfãs e nós vamos ouvir só o som do vento entre os cactos no deserto.
ResponderExcluirREALMENTE: INSUBSTITUÍVEL!
ExcluirGRATO PELO COMENTÁRIO.
SERÃO SEMPRE BEM-VINDOS.
Grande E.Sanches!
ResponderExcluirDifícil elogiar uma Eminência máxima do porte de Morricone. Só nos resta a lamentar a sua partida e também agradecer por ter deixado uma grande dádiva musical e inspiradora para a humanidade. Deixou o mundo melhor de que quando o encontrou. Um abraço, adorei a homenagem, Joailton
Muito gratificante a sua homenagem também através deste seu comentário, meu amigo.
Excluirsabe que eles sempre serão bem-vindos enriquecendo ainda mais nossas postagens e este nosso espaço.
Grato.
Que bela e merecida homenagem. É, simplesmente, o maior de todos os tempos. Insubstituível e que ficará para sempre en nossas lembranças. Minha paixão pelo Cinema também se deve ao assistir Era Uma Vez no Oeste, a Obra Prima dos geniais Sergio Leone e Ennio Morricone, um filme que sempre me emociono, apesar de ter perdido a conta de quantas vezes o assisti.
ResponderExcluirDescanse em Paz, Maestro !!!
Whow!!! Que belo depoimento de um apreciador e apaixonado pela música assim como eu.
ExcluirSeus comentários serão sempre bem-vindos a este nosso espaço meu amigo.
grande abraço.
ResponderExcluirPermita-me fazer três complementos:
1 - Embora não creditado, Ennio trabalhou também na trilha de “Sugar Colt”, de 1966, vide IMDB: https://www.imdb.com/title/tt0061040/fullcredits?ref_=tt_cl_sm#cast
2 – Compôs para “Uma Pistola Para Ringo”, de 1965: https://www.imdb.com/title/tt0059601/fullcredits?ref_=tt_cl_sm#cast
3 – E também compôs para “Ringo Não Discute... Mata”, também de 1965:
https://www.imdb.com/title/tt0060903/fullcredits?ref_=tt_cl_sm#cast
Realmente ele fez muitas parcerias e não creditado. Fiz esta pesquisa também no IMDB e vi esses detalhes.
ExcluirMuitas das trilhas de Bruno Nicolai é u exemplo. Tiveram a parceria de Morricone mas não lhe deram nenhum crédito. Até nisso ele era modesto.
Grato por sua apreciação e complementação.