
Alem de contar um pouco sobre sua carreira artística, dará
mais ênfase em seus filmes no gênero Espaghetti Western, um contexto em que a
entrevista foi elaborada.
Com personagens marcantes durante sua trajetória no
cinema europeu como uma mulher de muitas personalidades sendo a de mais sexy e
ingenua à mais intrépida e audaciosa; Deixou-nos uma filmografia digna de bons
trabalhos em seus mais variados gêneros em que participou e estrelou, como:
Ação, Romance, Ficção, Aventura, Horror, Suspense, Crime-Policial, e muitos
outros, inclusive séries de TV.
Por falta de conhecimento nestes outros gêneros e muitos
deles ainda inéditos por aqui e este humilde espaço ser dedicado exclusivamente
aos fãs do Western Espaghetti, as minhas perguntas serão mais direcionadas a
este seguimento não desmerecendo em nenhum momento os outros trabalhos,
todos importantes e apreciados pelos fãs.
Solicitei à Nicoletta que escrevesse o quanto desejasse, pois percebi que alem de ex-atriz é também uma grande
e talentosa escritora que se expressa muito bem.
Achei que se fizesse uma dissertação abrangente, de alguma
forma chegaria ao interesse dos milhares de fãs que visitam este humilde espaço.
É uma surpresa para estes fãs, saber um pouco mais de sua vida através de
suas palavras, ela que é indiscutivelmente um dos ícones femininos mais
expressivos do Espaghetti Western. Palavras que ficarão registradas em mais uma página na
história do cinema para todos nós.
É tão grande a satisfação de que esteja fazendo isso para mim que ficou difícil saber o que
perguntar e como perguntar, pois são
tantas curiosidades que os “Papparazzis” gostariam de saber e você me
proporcionou esta oportunidade única em divulgar em primeira-mão no Brasil.
Consegui resumir para aproximadamente quarenta perguntas de um total de cem que havia elaborado e sei que foi um pouco cansativo em responder a todas. Conhecendo-a o quão inteligente e atenciosa
és, vi que conseguiu responder a todas
as questões e até certo ponto, com riqueza de detalhes em algumas delas, e que
devido ao tempo, sei que seria difícil de Recordá-los.
Hoje é um dia de festa para os fãs porque ficarão conhecendo
um pouco mais sobre você, inclusive suas alegrias, tristezas, enfim, muitas
novidades ainda não reveladas até o momento, depois de muitos anos afastada.
Conhecendo-a a algum tempo sei que é uma mulher alegre, simpática,
descontraída, inteligente e super competente e tem muito amor ao seu trabalho e
a sua vida atualmente, e sei também que é avó a pouco tempo e tem agora o maior
tesouro de sua vida com você, o Alesio.
Mas para sabermos os detalhes, vamos as minhas questões:
1 - O que faz atualmente?
Nicoletta: Olá Brasil. Agora vivo em Seattle, estou nos EUA desde 1981 e trabalho como intérprete e professora de língua italiana em faculdades comunitárias e com alunos particulares.
1 - O que faz atualmente?
Nicoletta: Olá Brasil. Agora vivo em Seattle, estou nos EUA desde 1981 e trabalho como intérprete e professora de língua italiana em faculdades comunitárias e com alunos particulares.
Ocasionalmente trabalho como guia em passeios, inclusive em
meu país de origem, a Itália.
Organizo e dirijo pequenos passeios específicos para regiões
italianas, mais acentuado na arte e na culinária local.
Sou também, ocasionalmente, um guia de turismo para os italianos e franceses
que vêm para Seattle, onde eu moro. Não há muitos turistas internacionais vindo
para Seattle, mas eu gosto de ser a anfitriã para minha cidade, sempre que
posso.
Nos anos 80 e 90, eu era um guia de turismo em ônibus de
turismo para os italianos e franceses no Oeste dos Estados Unidos e Canadá. Foi
um grande trabalho, mas sazonal, e um dia o dólar dos EUA subiu e os europeus deixaram
de vir!
2 - Sendo considerada uma das mais belas e sensuais atrizes
dentro do Espaghetti Western vamos abordar um pouco o filme “Un fiume di
dollari – 1966”,
(The Hills Run Red – USA),
Nota-se neste filme um pouco mais de vegetação (mais verde)
em virtude das locações em Colmenar Viejo na Espanha, onde também fora filmado
grande parte da trilogia dos dólares de Leone. The Hills Run Red, originalmente
intitulado [Um Rio de Dólares / Sangue nas Montanhas – Brasil] é notável por
ser o primeiro western europeu de um produtor, premiado com o Oscar, Dino De
Laurentiis.
Filmado na Itália e Espanha, o filme é verdadeiro para o
formato do gênero, com um tema de vingança, com muito sangue e violência, e o
destaque melodioso de Ennio Morricone que aqui aparece novamente sob pseudônimo
anglicizado-Morricone que foi creditado como Leo Nichols (como em Navajo Joe,
outra produção de De Laurentiis ), enquanto o diretor Carlo Lizzani passou por Lee W. Beaver, que já cansado, estava
tentando mudar um pouco os clichês do gênero e após o lançamento do filme, a
resposta da crítica foi positiva. O filme compensava a falta de originalidade
com um rítmo implacável, o desempenho de amplo cenário; Henry Silva como
Mendez, tudo bem editado dentro do curso da música de Morricone.
Dentro deste contexto em um filme tão bem elogiado pela
crítica: Como foi trabalhar com Thomas Hunter, Henry Silva e o
diretor Carlo Lizzani (Crítico de Cinema Revista Bianco e Nero – “hoje com
90 anos” )?
Sua personagem Mary Ann é notável. É impossível assistir ao
filme e esquecer sua imagem.
O que você poderia revelar sobre este filme e sua atuação?
Nicoletta: Eu já tinha trabalhado com Carlo Lizzani em 1965 em um de meus primeiros filmes “Pesadêlo de Ilusões - Brasil” (Thrilling – USA), com o ator Alberto Sordi. Grande profissional, como Henry Silva e Thomas Hunter, portanto não houve problemas.
Nicoletta: Eu já tinha trabalhado com Carlo Lizzani em 1965 em um de meus primeiros filmes “Pesadêlo de Ilusões - Brasil” (Thrilling – USA), com o ator Alberto Sordi. Grande profissional, como Henry Silva e Thomas Hunter, portanto não houve problemas.
Eu não me lembro muito, desculpe, mas lembro que era um
ator de muita bondade mas que fez um
personagem muito aterrorizante e piscopático: Henry Silva sempre foi um verdadeiro cavalheiro, e
uma pessoa bem humorada, muito generoso com alguém como eu que estava
apenas começando no cinema e eu era muito inexperiente sobre a profissão. Acho que Lizzani conseguiu o resultado que desejava neste
filme e todos ajudaram.

3 - Você também trabalhou com os atores Anthony Steffen,
(Django) William Berger (Sartana) e Mario Brega em "Una lunga fila di
Croci - 1969" (No Room to Die - USA), [Uma Longa fila de Cruzes – Brasil],
dirigido por Sergio Garrone. Uma bela fotografia de Franco Villa com um pouco
estilo de Sergio Leone.
Você interpretou a mestiça “Maya”. Como foi fazer Maya? Lembra-se
desse elenco? Como foi trabalhar nesse filme que também é tão cultuado
mundialmente pelos fãs?
Nicoletta: Nunca tinha ouvido falar desse filme por esse nome, acho que conheci com um título diferente mas infelizmente não me lembro de detalhes sobre ele.

4 - Você teve contato mais intimo com estes atores fora das cenas?
Nicoletta: Nunca tinha ouvido falar desse filme por esse nome, acho que conheci com um título diferente mas infelizmente não me lembro de detalhes sobre ele.

4 - Você teve contato mais intimo com estes atores fora das cenas?
Destacando-se que em 1967 você fez dois Westerns e em 1968,
foram três.
São cinco filmes Westerns em dois anos. Como foi isso?
Nicoletta: Uma das coisas surpreendente é que ao fazer um western, é que todo mundo se torna parte de uma família, talvez porque você esteja trabalhando todos os dias juntos. Talvez seja porque tudo é ao ar livre, com o cheiro de cavalos e as belas paisagens. Ou talvez seja porque as comodidades usuais de estúdios de cinema são inexistentes como: Não se pode comprar café na esquina, não há possibilidades de condução para a farmácia ou para a mercearia, assim, tínhamos muito tempo livre para um bate papo e fazer amigos.
Alguns atores mantinham-se mais reservados, e para si mesmos, mas realmente não importa, eu fiz amizade com os eletricistas, os tratadores de cavalos e eles eram meus amigos.
Eu ficava assustada e fascinada de estar em um cavalo, os maquiadores e cabeleireiros eram pessoas boas e foram meus conselheiros úteis:
Eles me despertavam no início da manhã, eles sugeriam-me alguns movimentos,
eles cuidaram de mim quando eu estava triste e riam de mim quando eu estava
feliz. Os desenhistas de trajes também foram bons amigos, porque com eles eu amava
fazer o meu trabalho, e podíaamos falar sobre moda a vontade e discutir até o gosto pelas cores das roupas. Nicoletta: Uma das coisas surpreendente é que ao fazer um western, é que todo mundo se torna parte de uma família, talvez porque você esteja trabalhando todos os dias juntos. Talvez seja porque tudo é ao ar livre, com o cheiro de cavalos e as belas paisagens. Ou talvez seja porque as comodidades usuais de estúdios de cinema são inexistentes como: Não se pode comprar café na esquina, não há possibilidades de condução para a farmácia ou para a mercearia, assim, tínhamos muito tempo livre para um bate papo e fazer amigos.
Alguns atores mantinham-se mais reservados, e para si mesmos, mas realmente não importa, eu fiz amizade com os eletricistas, os tratadores de cavalos e eles eram meus amigos.

A pessoa que fez o meu figurino para “Giarrettiera Colt” ou “Giarrettiera Cold” como conheço e foi ele que me descobriu em Florença quando eu estava no colégio e me trouxera para De Laurentiis.
Ele acreditava em mim, e se tornou um amigo. Ele fez as Roupas para
Giarrettiera gratuitamente. Foi um filme de baixo orçamento. Eu nunca vou esquecer
ele, seu nome era Piero Gherardi.
Ele era gay, e tão antigo quanto minha mãe, mas era um verdadeiro artista.
Ele ganhou Oscars nas categorias Set e Costumes (Traje-Roupa-Fantasia) em “8 ½” (1963) de Federico Fellini e em “La Dolce Vita” (1960) também de Fellini, então ele me apresentou a Fellini e
a Marcello Mastroianni assim que chegou a Roma e ai aconteceu tudo.
5 - No filme “Odia il Prossimo Tuo - 1968” (Hate the Neighbor –
USA), ["Vingança Implacável" ou "A Lei do Ódio e da Vingança" -
Brasil], você interpreta “Peggy
Salavas”sob direção de Ferdinando Baldi,
com os atores: Clyde Garner, George Eastman, Horst Frank, Ettore Manni,
Ken Wood, Franco Fantasia, Paolo Magalotti e Claudio Castellani. Poderia
comentar algo sobre sua participação neste filme e sobre este elenco e direção.
6 - "La Giarrettiera Colt" – 1968" (Garter Colt – USA), [A Pistoleira Virgem – Brasil].
Este talvez tenha sido o filme que realmente continua conquistando os corações de todos os cowboys do mundo. A sensualidade e doçura de uma jovem e destemida pistoleira e jogadora de poker respeitada por todos em meio a revolução mexicana na luta contra os franceses ainda surpreende.
Neste filme você trabalhou com Claudio Camaso e Walter Barnes.
De acordo com pesquisas em outras fontes, sabe-se que você não gostava da personagem. É verdade?
Este filme é marcado por várias outras curiosidades como:
O penúltimo filme de Claudio Camaso, irmão de Gian Maria Volontè que fora preso por tentativa de homicídio contra sua mulher e veio a suicidar-se em 1977 em sua cela, e sabe-se também que “Lulu” (Giarrettiera Colt) foi o personagem que inspirou Quentin Tarantino a fazer o clássico “Kill Bill”.
Nicoletta: Ooooooh! Isso é incrível!
Nicoletta: Ooooooh! Isso é incrível!
Parece que o diretor Gian Andrea Rocco foi feliz em dirigir
um único espaghetti western filmado exclusivamente na Itália e teve a
felicidade de tê-la como protagonista do que hoje é: Um cultuado fenômeno
mundial.
O que o diretor realmente pretendeu com esse filme?
Como foi pra você mostrar toda a sensualidade com aquelas
insinuações nos jogos de cartas.
Poderia relatar tudo o que lembra deste filme?
Nicoletta: Não é verdade. Meu irmão produziu este filme e eu adorei fazer a personagem sim.
Sei também que este filme nunca
fora exibido em um Circuito Italiano e estou feliz em saber de você que
gostam do filme no Brasil e América Latina.
Eu recebi uma cópia deste filme o ano passado. Eu não tenho cópias de meus filmes,
e eu nunca mantive minhas fotografias.Quando decidi sair da Industria Cinematográfica, deixei tudo e dei a volta ao mundo com o meu filho pequeno.
7 - Em “Un minuto per Pregare, un Instante per Morire – 1968”, (A Minute to Pray, A Second To Die – USA), [Caçada ao Pistoleiro – Brasil], também um cultuado western por colecionadores e fãs de todo o mundo, você interpreta “Laurinda” (filha de um ex-comparsa do protagonista, Alex Cord “Clay McCoy”) em uma Co-Produção Ítalo-americana dirigida por Franco Giraldi e um grande elenco de americanos e europeus juntos; Alex Cord, Robert Ryan, Arthur Kennedy, Enzo Fiermonte, Franco Lantieri, Mario Brega, Antonio Molino Rojo, Aldo Sambrell e Alberto Dell´ Acqua. Como foi pra você trabalhar neste filme com idiomas diferentes? Era muito confuso? A música de Carlos Rustichelli e Bruno Nicolai é outro marco neste filme. Poderia comentar sobre isso? A cena da barbearia é surreal e é classificada com uma das mais tensas do cinema no gênero.

Nicoletta: Eu Sou bilíngue desde que eu aprendi a falar porque a minha mãe era americana e meu pai italiano; Em casa se falava o inglês e fora da escola e no mundo foi o italiano.
Mais tarde eu aprendi francês, aos 14 anos, porque eu amava o som dele, assim, não tive problema com línguas.
Eu nunca vi os meus filmes, após terem sido feitos, nem
quando eles foram lançados.
Na Itália, foram mostrados na TV, creio eu, e eu não tinha uma TV até que cheguei nos EUA, aos 37 anos!
Fiquei contente em saber mais detalhes curiosos deste filme, pois lembrava pouca coisa dele.
Na Itália, foram mostrados na TV, creio eu, e eu não tinha uma TV até que cheguei nos EUA, aos 37 anos!
Fiquei contente em saber mais detalhes curiosos deste filme, pois lembrava pouca coisa dele.
8 - Faccia a Faccia – 1967, (Face to Face – USA), [Quando os Brutos se Defrontam - Brasil]. Flmado na Itália e Almería/Espanha, sem dúvida nenhuma, um clássico da trilogia de Sergio Sollima que tinha como pano de fundo, temas políticos revolucionários.
Neste filme você também deve ter visto a um desfile de
grandes atores. Um time fantástico e inclusive com outras belas mulheres como
Jolanda Modio, Linda Veras e Lidya Alfonsi.
Atores de peso no Espaghetti Western como Tomas Millian,
Gian Maria Volontè, William Berger, Gianni Rizzo, Angel Del Pozzo, Aldo
Sambrell, Nello Pazzafini, José Torres, Antonio Casas, Frank Braña e tantos
outros italianos e espanhóis.
Música fantástica de Ennio Morricone e seu parceiro Bruno
Nicolai.
Um filme mundialmente conhecido por quem gosta de cinema.
Gostaria que fizesse uma explanação geral sobre a produção
desse filme e como curiosidade; Como era a hospedagem de toda essa legião de
profissionais nos hotéis e pousadas locais.
Nicoletta: Este é um filme que lembro pouco também. Como eu disse antes, nossas cenas eram frequentemente
separadas, os atores vinham para o local, gravavam suas cenas e depois partiam
e ficava difícil o contato com todos eles, era tudo muito rápido.
Muitas vezes eu estava fazendo dois filmes de uma vez. Os hotéis em “Almeria” foram ótimos!
Voltei lá para o 2011 FILM FESTIVAL WESTERN ALMERIA e agora eles são ainda melhores!
Muitas vezes eu estava fazendo dois filmes de uma vez. Os hotéis em “Almeria” foram ótimos!
Voltei lá para o 2011 FILM FESTIVAL WESTERN ALMERIA e agora eles são ainda melhores!
ALMERIA é uma cidade incrivelmente bela em uma maravilhosa
área e um dia eu gostaria de viver lá...

9 - "Un Dollaro a Testa – 1966", [ Joe, Pistoleiro Implacável/Navajo Joe – Brasil], (Navajo´s Land – USA),
14 - E quais são os melhores que ficaram em sua memória?
17 - Você gostava de trabalhar nos Espaghetti Westerns ou você preferia fazer filmes de outros gêneros?
Nicoletta: No início de 2012 eu estava lecionando italiano em Seattle como eu costumo fazer!

9 - "Un Dollaro a Testa – 1966", [ Joe, Pistoleiro Implacável/Navajo Joe – Brasil], (Navajo´s Land – USA),
Quando se fala neste filme,
lembra-se imediatamente dos nomes de Burt Reynolds e Nicoletta
Machiavelli e sua personagem “Estella”; Bela, sensual, personalidade forte de
mestiça e guerreira.
Aqui temos um elenco riquíssimo mais uma vez com muitas
mulheres bonitas como Tanya Lopert, Franca Polesello, Lucia Modgno, Valéria
Sabel e Maria Cristina Sani e falando neste assunto, entre estas mulheres com
quem trabalhou no cinema você teve alguma desavença por ciúme de outras atrizes
em virtude de sua beleza? Poderia revelar esta curiosidade?
Como foi trabalhar com Burt Reynolds e o diretor Sergio
Corbucci neste filme? Eram exigentes?
Poderia falar tudo o que lembra sobre esse filme tendo em
vista que é um dos mais cultuados até hoje.
Seria um prazer e de grande valor termos mais
informações deste filme, curiosidades, histórias etc, tendo em vista esta
grande oportunidade de ter uma protagonista autentica deste Cult consagrado
mundialmente.
Nicoletta: Não, eu não acredito ter havido ciúme entre eu e outras
atrizes e vivíamos sim, principalmente um clima de camaradagem e ajuda mútua entre nós; Lembre-se Edelzio; Um Western é um mundo machista
e nós meninas estavamos felizes de estarmos juntas e fazer parte deste mundo de
maneira alegre e divertida, enquanto os “Caras” estavam cavalgando, discutindo,
brigando, duelando, atirando com suas pistolas e muitas vezes por nossa causa.
Todos eram exigentes durante um filme, mas não de uma forma
desagradável. Foi o primeiro filme de Burt Reynolds como protagonista, ele era
quieto e muito profissional, manteve distante, talvez porque ele estivesse
cercado por empolgados agentes italianos.
Corbucci foi um diretor ótimo, mas foi humilde sobre
sua arte. Eu não pude me expressar muito naquele tempo, mas eu sentia a sensação
de que ele queria fazer também outros tipos de filmes.
10 - Aldo Sambrell (Duncan – Navajo Joe) nunca foi tão odiado
nas telas desde de o momento em que é visto tirando o
escalpo de uma índia Cherokee, apesar do filme ter sido batizado como Navajo.
Poderia falar deste grande homem e ator homenageado no
Almeria Western Film Festival 2011.
Nicoletta: Sim, Aldo era uma
pessoa especial e muito útil nas cenas que fizemos juntos, “apesar de me
arrastar pelos cabelos pra fora do saloon em uma das cenas”. Eu não o via além
das filmagens. Ele era uma pessoa muito tímida também, e para mim era um grande
ator. Ele pareceu tão feroz neste filme, mas era somente boa atuação.
11 - Sabe-se que você trabalhou em alguns Romances
"Noir" e tiveram sucesso.
Entre os vários seguimentos e gêneros cinematográficos que
atuou, não existe nenhum em sua carreira clássificado como "Erótico".
Você trabalhou em algum? Houveram propostas na época?
Nicoletta: Não lembro quantos foram, mas não tive problema
em fazê-los.
12 - Como foi a experiência em trabalhar em 1971 na França, no
filme de terror "L´homme au cerveau greffé" no papel de “Helena” com o Director Jacques Doniol-Valcroze e os atores
Matheau Carriere e Jean-Pierre Aumont que se tornou um grande Cult filmado na
França, Itália e Alemanha?
Nicoletta: Eu nunca vi esse filme e não me lembro muito bem
da minha atuação e também não sei lhe responder quanto aos atores. Talvez eu só
tivesse uma pequena cena, não sei.
Nesta época eu estava na França atuando em vários filmes com Tony Arzenta e Alain Delon.
Nesta época eu estava na França atuando em vários filmes com Tony Arzenta e Alain Delon.
Eu era apenas um rosto bonito e uma atriz que sabia a língua
francesa.
13-Dentre todos os seus trabalhos em sua carreira, qual o
que mais lhe agradou e qual o que lhe decepcionou?
Nicoletta: Sinceramente, a única coisa que foi mais
desagradável para mim foram a "Relações Públicas" .
Como atriz designadna
para conseguir um papel, tinha que ir a festas, coquetéis, enfim, era olhada
de cima para baixo como um objeto. Isso era o que mais me decepcionava.
Os filmes que eu amei fazer parte, mas que nunca teve um
grande sucesso foram: "LA Cattura"
[Do Ódio ao Amor - Brasil], (The Ravine - USA) um drama de Paolo
Cavara em 1969 com David McCallum (da séerie de TV “O Agente da
U.N.C.L.E” e John Crawford filmado na Itália/Yugoslavia/USA; É uma história ambientada durante a Segunda Guerra Mundial. Holman (David McCallum), é um soldado alemão e Anja (Nicoletta Machiavelli), uma "Partisan" (membro do movimento de resistência à dominação alemã). Holman rapta Anja em um desfiladeiro nevado, e, independente da ideologia de ambos, acabam por se conhecer mutuamente, onde um romance será inevitável.
“Mordi e Fuggi”, de Dino Risi em 1973, uma comédia romantica
rodada na Itália e França com Marcello Mastroianni e Oliver Reed;
"Scarabea" Hans-Jürgen Syberberg
(Johann Von Syberberg) rodado na Alemanha Ocidental em 1969 atuando ao
lado de atores alemães como Walter Buschhoff e Franz Von Treuberg ,
“Giarrettiera Colt" (A Pistoleira Virgem – Brasil), um sensual western espaghetti rodado na
Itália em 1968 sob direção de Gian Rocco ao lado Claudio Camaso, Walter Barnes
e Jaspe Zola. “Le Castagne Sono Buone" de 1970 foi uma comédia também
filmada na Itália com direção de Pietro
Germi com o cantor e ator Gianni Morandi e Stefania Casini.
14 - E quais são os melhores que ficaram em sua memória?
Nicoletta: Os "Spaghetti Westerns", porque os
locais e as pessoas eram aventureiros.
Scarabea, por causa da liberdade de expressão que me foi
permitida pelo diretor alemão e pelo fato de que era um novo tipo de cinema,
com uma pequena equipe, era desenvolvido como um documentário; .
“Mordi e Fuggi” porque os atores Marcello Mastroianni e Oliver Reed eram grandes atores, e da
liberdade que o diretor Dino Risi me deu para me expressar;
“Una questione D'onore” [Traído Por Uma Questão de
Honra], (Itália/França – 1966), que foi o meu primeiro filme como papel de
liderança junto com um grande ator, Ugo Tognazzi e dirigido por Luigi Zampa e
muitos outros mais que eu não consigo lembrar...
17 - Você gostava de trabalhar nos Espaghetti Westerns ou você preferia fazer filmes de outros gêneros?
Nicoletta: Estávamos nos
60, as mulheres estavam acordando!
O Papel de uma mulher em Espaghetti Western durava poucos
minutos. Geralmente você tem que esperar um longo tempo para ouvir uma mulher em
um diálogo nestes filmes.
Essa era a impressão que eu tinha. Eu tinha um contrato de 7
anos com a De Laurentiis, e tive que fazer os filmes que a empresa decidia. Tive
que romper o contrato depois de 4 anos (1968),
porque eu me senti explorada. Ele ganhou um monte de dinheiro alugando-me
para filmes pagando somente o meu salário mensal que não condizía com o trabalho
e depois disso fiz outros tipos de filmes e decidi então que o "mundo do cinema"
não era para mim.
Portanto, a resposta é sim, eu preferia fazer outros filmes em que eu estivesse mais envolvida.
Depois de ter dito isso, não é engraçado que o "Período do Espaghetti Western” na minha vida é realmente o único seguimento cinematográfico que voltou para mim depois de todos estes anos, retribuindo-me em homenagens agora mais velha e sábia? E retornando a Espanha e participando do “Almeria Western Film Festival”, em 2011, percebi que não importa em qual parte eu estivesse sendo filmada, nessas cidades do Oeste, na poeira, o calor, o desconforto de tudo, foi uma experiência extraordinária na minha vida.
Portanto, a resposta é sim, eu preferia fazer outros filmes em que eu estivesse mais envolvida.
Depois de ter dito isso, não é engraçado que o "Período do Espaghetti Western” na minha vida é realmente o único seguimento cinematográfico que voltou para mim depois de todos estes anos, retribuindo-me em homenagens agora mais velha e sábia? E retornando a Espanha e participando do “Almeria Western Film Festival”, em 2011, percebi que não importa em qual parte eu estivesse sendo filmada, nessas cidades do Oeste, na poeira, o calor, o desconforto de tudo, foi uma experiência extraordinária na minha vida.
18 - Como se sentia atuando nos Espahetti Westerns, filmes
em que na maioria das vezes você era barbarizada e sofria muito nas mãos
daqueles bandidos violentos em meio a tanta luta, brigas e confusões?
Como era estar naqueles estúdios empoeirados e desérticos na
Itália e Espanha/Alemanha?
Nicoletta: Era tão falso, você não pode mesmo imaginar.
Ninguém tocava o outro nessas cenas.
Me sentia alegre, aventureira, às vezes chato, porque
esperávamos muito tempo entre as cenas.
E eu, SHHHHH, eu
odiava maquiagem e cabelo! Até hoje eu raramente vou ao cabeleireiro e muito
raramente uso de maquiar meu rosto; Só os olhos.
19 - Você pensa em deixar uma biografia ou algo deste tipo
para os fãs?
Nicoletta: Por que não?
[Esses nossos Maridos (I Nostri Mariti) 1966 com Alberto
Sordi, Nicoletta Machiavelli e Elena Nicolai com direção de Luigi Filippo
D'amico. Polêmica comédia de costumes.]
20 - Como você vê o panorama do cinema hoje?
Nicoletta: Eu não sou uma especialista, isso é certo, e eu
raramente vou ver um filme. Prefiro filmes documentários que lidam com a realidade, com pessoas de verdade.
21 - Os fãs poderiam esperar um retorno seu ao cinema algum
dia?
Nicoletta: Quem sabe? Talvez se fosse presenteado a mim, com
essa idade, eu não acredito que receba uma porposta; A vida é grande e
inesperada, O importante é vivê-la plenamente.
22 - Sente falta dos artistas com quem contracenou?
Nicoletta: Onde eles estão? Eu não vejo-os na minha vida
cotidiana assim facilmente.
23 – Por onde você esteve durante todos esses anos em que
não havia a força da internet?
Nicoletta: Eu sei, a Internet é incrível. Eu mudei minha
vida completamente pelo menos 4 vezes, eu “fechei portas e queimei pontes”, eu viajei muito e até parei
algum tempo na Índia para meditar por 3 anos, quando meu filho tinha 5 anos.
Quando cheguei nso EUA eu tinha 36 anos e meu filho nunca tinha
ido à escola. Então eu decidi que este
seria o lugar para parar por um tempo. Eu fiz todos os tipos
de trabalhos, desde a limpeza de casas, restaurantes, e depois começei a ensinar
língua italiana e Guia Turístico.
24 - Você sabia que
sua biografia e filmografia está imortalizada em um dos maiores dicionários de
cinema do mundo chamado “FILMLEXICON DEGLI AUTORI E DELLE OPERE” (de 1955 a 1975) e existe um
exemplar no Brasil que pertenceu a um dos maiores pesquisadores brasileiros no
assunto “Ivan Casasanta Dantas (1925-1995)?
Ivan foi um amigo pessoal do pesquisador Marcos Mauricio Lima o qual tem esse exemplar
em sua coleção particular, uma obra italiana raríssima a qual o Marcos
orgulhosamente possui como a um tesouro.
Nicoletta: Fantástico, não, eu não tinha idéia.
25 - Em 2008, você produziu dois vídeos documentários sobre
western em parceria com o diretor Federico Caddeo sendo “A History of Dollars”
com pequena duração de 11 minutos e em 2009 “An Indian Named Joe” com duração
de 30 minutos com participações de Nori Corbucci e Ruggero Deodato.
Como foi essa experiência para você?
Nicoletta: Eu não acho que tenha sido eu. Talvez eu tenha dado
uma entrevista sobre o Vídeo de “Navajo Joe” quando eu estava viajando na
Itália em visita a minha família.
Eu certamente não os produzi, nem me foi pago para fazer
eles e a última vez que vi Nori Corbucci foi no set de Navajo Joe.
26 - Existem informações no MDB.NET que recentemente, no início de 2012, você participou de um filme
documentário “Eurocrime! The
Italian Cop and Gangster Films That Ruled the '70s” com 1:37 minutos de duração com direção de Mike Malloy.
Uma co-produção USA/ITALIA/FRANÇA com locações em Beverly
Hills, California, e USA.
Neste trabalho você representa as mulheres em uma grande
galeria de atores participantes neste documentário com depoimentos fantásticos
dos protagonistas neste seguimento que atuaram na Europa nesta época em sua
trajetória cinematográfica e convidados como; Salvatore Borghese, Mario Caiano, Enzo G. Castellari, Jose Dallesandro, Ottaviano Dell´Acqua, John P. Dulaney, Michael Forest, Claudio Fragasso, Richad Harrison, Leonard Mann, Luc Merenda, Chris Mitchum, Franco Nero, Ted Rusoff, Antonio Sabato, John Saxon, Henry Silva, John Steiner, Aarron Stielstra, Fred Williamson e outros.
É com grande surpresa no Brasil, a notícia de Antonio Sabáto Bem Novack - O dia da Lei (Miguel) - Ódio por Ódio), John Steiner (Dr. Henry Price – Tepepa/Valler - Mannaja), Leonard Mann (Sebastian Carrasco – O Pistoleiro Esquecido/Ciakmull – Ciakmull, o Homem da Vingança) estarem vivos, que contraria muitas especulações sobre suas mortes aqui.
Como você vê a importância dessa iniciativa neste
trabalho?Nicoletta: No início de 2012 eu estava lecionando italiano em Seattle como eu costumo fazer!
27-Está casada atualmente?
Nicoletta: Não, eu não sou casada.
28 - Quantos filhos tem?
Nicoletta: Eu tenho um filho maravilhoso, Nirjo, e um neto de
2 anos, Alesio e sua mãe é Alicia.
29 - Já esteve no Brasil?
Nicoletta: País encantador!
Eu estive no Brasil em 1966 para um filme "Se Tutte le Donne del Mondo" [Operação Paraíso – Brasil].
Eu estive no Brasil em 1966 para um filme "Se Tutte le Donne del Mondo" [Operação Paraíso – Brasil].
Um filme de ação dirigido por Henry Levin e Arduino Maiuri
com Mike Connors, Dorothy Provine e Raf Vallone e eu tinha uma parte muito
pequena, um ou dois dias, mas fiquei muito mais tempo porque a equipe estava
filmando algumas cenas em Brasília (ela ainda estava sendo construída) e houve
enchentes devido as chuvas.
Então a produção foi temporariamente interrompida. Ficamos hospedados
no Rio de Janeiro e tive a oportunidade de ouvir todos aqueles músicos fabulosos,
ao vivo! João Gilberto, Elis Regina. Eu dançava samba e bossa-nova e eu podia ser
eu mesma e me diverti muito. Eu também visitei as favelas situadas atrás da
praia de Copacabana e fiquei chocada, comovida, e curiosa como aquilo poderia
existir.
30 - O que pensa do Brasil?
Nicoletta: Eu acredito que Brasil mudou muito desde então
para o exterior, mas o espírito do povo; Que sensação maravilhosa: De música e
vida, bondade essencial, de generosidade e coragem na frente de adversidades e eu
acho que ainda é assim. É muito atraente para
mim. O verdadeiro sal da terra.
Eu vou estar ai um dia!!
31 - Poderia dizer corretamente onde nasceu, pois existem
dúvidas se foi em Firenze (Florença) ou em
Stuffione, Ravarino,
Emilia-Romagna – Itália em 01 de Agosto de 1944.
Nicoletta: Nasci em Ravarino Modena, em 8 de setembro 1944.
(Portanto a data no IMDB.NET está incorreta).
Isso foi no fim da guerra, minha mãe era uma americana
e teve que se esconder dos Fascistas e naquele tempo ainda pertencíamos ao
campo. Eu cresci e fui para a escola em Florença.32 - Como é sua vida hoje e como se sente fazendo o que faz?
Nicoletta: Agitada. Ensino e guia de turismo são quase a mesma coisa, os dois trabalhos são de estar frente ao público e é divertido.
Az vezes o cenário muda, é claro, mas eu estou fazendo o que
sempre fiz, basicamente. Eu amo muito o meu país, mas eu consigo ir lá de vez
em quando, e isso é bom. Eu sinto falta das maneiras simples de pessoas com
quem me sinto à vontade, e dos alimentos da minha infância.
É ótimo ser um estranho em uma terra estranha, porque você pode reinventar-se, às vezes é um pouco chato, mas alguns dias eu me sinto enraizada.
É ótimo ser um estranho em uma terra estranha, porque você pode reinventar-se, às vezes é um pouco chato, mas alguns dias eu me sinto enraizada.
33 - Você participou do Almería Festival Film Western
2011 como convidada de honra. O que
achou?
Nicoletta: Fabuloso! Foi incrível rever muitos rostos
conhecidos, e também para conhecer os jovens produtores de Westers. Os organizadores e sua equipe fizeram tudo o possível
para os americanos se sentirem confortáveis e bem à vontade. A muito tempo eu não me divertia
tanto!
34 - Qual a sua expectativa
para o Almería Festival Film 2012 ?
Nicoletta: Eu estava na Itália para um trabalho para uma
universidade de Seattle e eu não poderia ir! Eu perdi muito.
35 - Com tudo isso que aconteceu em sua vida, o que você gostaria de dizer aos fãs do Brasil e do mundo que acompanharam sua carreira por tanto tempo e não a abandonaram-na mesmo durante algum tempo no anonimato e estão ansiosos relembrando sua imagem e lendo agora estas suas palavras ?
Nicoletta: INACREDITÁVEL! Espero conhecê-los um dia, um por
um, e obrigado Edelzio, por me contatar
e aproximar-me mais dos fãs brasileiros e da América do Sul !
Pretendo um dia voltar a dançar um Samba por ai.
Nota: No IMDB.NET está escrito que “La Fuite en Avant” foi realizado
em 1983, pois está incorreto.
Na
verdade, este filme foi filmando em 1976 e acho que foi nesta data em que ele foi lançado.
Em
1983 eu
estava nos EUA com meu filho e meu
ex-marido, um italiano e éramos pobres demais para
viajar, eu estava reiniciando a minha vida depois de muitas viagens.
- Agradeço em nome de todos os seus fãs esta sua participação especialíssima em meu blog e realmente acho que é o melhor presente para o ano 2013 à todos.
Agradeço pelas fotos exclusivas de seu arquivo pessoal para
complementação desta simples Entrevista e Tributo e Mini-Biografia sua e espero que continue
participando ativamente com seus comentários e elogios aqui por que será sempre bem-vinda e o mais importante para todos é de sabermos que é feliz.
Grazie!
Edelzio Sanches - Editor
Os comentários são pessoais e não refletem a opinião do Editor.
Colaboração Eespecial – Acervo de Marcos Maurício Lima – BH – MG - Brasil
Nota: Como pudermos perceber em algumas respostas, existem algumas
produções independentes que estão utilizando imagens e antigos comentários de
artistas para produzirem documentários sem a respectiva autorização dos mesmos
e isso é crime Autoral e é Universal.